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sábado, 24 de março de 2012

prova de sociologia 2º ano


O texto a seguir corresponde ao bem-humorado capítulo CXIX, intitulado “Parêntesis”, das Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Leia-o para responder ao que se pede:
Quero deixar aqui, entre parêntesis, meia dúzia de máximas das muitas que escrevi por esse tempo. São bocejos de enfado; podem servir de epígrafe a discursos sem assunto:
* * *
Suporta-se com paciência a cólica do próximo.
* * *
Matamos o tempo; o tempo nos enterra.
* * *
Um cocheiro filósofo costumava dizer que o gosto da carruagem seria diminuto, se todos andassem de carruagem.
* * *
Crê em ti; mas nem sempre duvides dos outros.
* * *
Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de um
joalheiro.
* * *
Não te irrites se te pagarem mal um benefício: antes cair das nuvens, que de um terceiro andar.

01 - Entre as seis sarcásticas máximas de Brás Cubas, há uma que pode servir para ilustrar uma das discussões habituais entre os antropólogos. Que máxima é essa?
“Não se compreende que um botocudo fure o beiço para enfeitá-lo com um pedaço de pau. Esta reflexão é de um joalheiro.”

02 - Essa máxima revela um preconceito cultural. Explique-o.
A referência aos grupos indígenas que usam enfeites de madeira em furos no lábio inferior mostra a incompetência do joalheiro em reconhecer a alteridade, ou seja, a idéia de que as culturas humanas são diferentes entre si. Talvez ele quisesse vender adereços de ouro ou prata a esses botocudos, o que nos faz pensar se esse preconceito cultural não esconderia, na verdade, um interesse econômico.

03 - Considere as seguintes afirmações:
I - Ideologia é um corpo de idéias, no qual são expressos os valores e verdades que têm, como finalidade, preservar a ordem social.
II - Os anúncios publicitários representam uma das formas de espalhar a ideologia.
III - Ideologia é uma tentativa, por meio de idéias que serão transformadas em verdades, de mascarar a realidade.
Está (ão) correta(s):
a) todas as alternativas.
b) somente a I.
c) somente I e II.
d) somente II e III.
e) somente I e III.

04 - Acerca do etnocentrismo, é incorreto afirmar que:
A) é categoria central da antropologia, pois revela que as culturas devem ser relativizadas.
B) seu poder de explicação sobre as diferenças cul­turais está assegurado pela percepção do “outro” centrada no “eu”.
C) expressa uma apreensão, no plano do pensamen to, da tendência que os grupos possuem de colo­car seus valores, visão de mundo e costumes como centro de tudo.
D) o barbarismo é uma forma de se atribuir a confusão, a desarticulação, a desordem ao “outro”.

05 - A feijoada, o mais conhecido dos chamados ‘pratos nacionais’, tem como base a comida do co­tidiano. Mas, nesse caso, a dupla feijão com arroz, acompanhada pela farinha de mandioca, sofre uma transformação não apenas no conjunto dos ingredien­tes, mas sobretudo em seu significado, transformada em um prato emblemático – possuidor de um sentido unificador e marcador de identidade – ou ‘típico’. MACIEL, Maria E. Uma cozinha brasileira. Estudos históricos. Rio de Janeiro, n. 33, janeiro-junho de 2004. p. 33.

Considerando a alimentação humana como um processo social e cultural, assinale o que for correto.
01. Respeitada como um conjunto de saberes e práticas sociais, a culinária de um povo compõe parte de seu patrimônio cultural.
02. Definir a feijoada como prato tipicamente brasileiro implica considerá-la como uma combinação de sím­bolos e classificações que representariam o “modo de ser” desta nacionalidade.
04. A combinação arroz e feijão atende às necessidades nutricionais típicas da raça brasileira e das deficiên­cias biológicas oriundas da miscigenação entre bran­cos, negros e indígenas.
08. As restrições e proibições alimentares de fundo reli­gioso baseiam-se em interdições nutricionais cienti­ficamente comprovadas como maléficas ao sustento físico do indivíduo.
16. Diferentemente dos chamados pratos típicos, que destacam as características das cozinhas regionais, o fast-food configura-se num tipo de alimentação iden­tificada com o processo de globalização da cultura.

Resposta: 19 (01 + 02 + 16)


06 - (UFPA) Em 20 de abril de 1997, alguns rapazes em Brasília atearam fogo no índio pataxó Galdino Jesus dos Santos enquanto este dormia. Isso pode ser uma demons­tração de que indivíduos ou grupos pertencentes a socie­dades diferentes, ou a grupos diferentes, em uma mesma sociedade, em situação de contato, praticam atos negativos e até bárbaros, evidenciando relação de alteridade, que se classifica como:
a) etnocentrismo.
b) nacionalismo.
c) nativismo.
d) evolucionismo.
e) relativismo.

07 - Com base nesse método, classificam-se as sociedades não adeptas da cultura europeia como “exóticas”, “atrasadas”, “involuídas e arcaicas”, com uma formação social pri­mitiva, de uma religiosidade mítica e irracional. Trata-se do método:
a) de observação participante.
b) de aproximação de semelhanças.
c) baseado na pesquisa de campo.
d) tido como único para compreender as diferenças sociais.
e) baseado na comparação.

08 - (ENEM) Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592) compara, nos trechos, as guerras das sociedades tupi­nambás com as chamadas “guerras de religião” dos fran­ceses que, na segunda metade do século XVI, opunham católicos e protestantes.
(...) não vejo nada de bárbaro ou selvagem no que dizem daqueles povos; e, na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra. (...) Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade [o canibalismo], mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos. Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé, como não somente o lemos mas vimos ocorrer entre vizinhos nossos conterrâneos; e isso em verdade é bem mais grave do que assar e comer um homem previamente executado. (...) Podemos por­tanto qualificar esses povos como bárbaros em dando apenas ouvidos à inteligência, mas nunca se compararmos a nós mes­mos, que os excedemos em toda sorte de barbaridades.
MONTAIGNE, Michel Eyquem de. Ensaios, São Paulo: Nova Cultural, 1984.

De acordo com o texto, pode-se afirmar que, para Mon­taigne:
a) a ideia de relativismo cultural baseia-se na hipótese da origem única do gênero humano e da sua religião.
b) a diferença de costumes não constitui um critério válido para julgar as diferentes sociedades.
c) os indígenas são mais bárbaros do que os europeus, pois não conhecem a virtude cristã da piedade.
d) a barbárie é um comportamento social que pressupõe a ausência de uma cultura civilizada e racional.
e) a ingenuidade dos indígenas equivale à racionalidade dos europeus, o que explica que os seus costumes são similares.



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